by gizaa

28 de dezembro de 2009

ACESSIBILIDADE- Na luta pela igualdade de direitos




Desde que nasci, sempre escuto minha mãe dizer a mesma coisa: caminhar não faz de mim pior do que ninguém. Mas também não faz de mim melhor do que ninguém. E também não faz de mim mais diferente do que as outras pessoas. Ela diz que essa história de que " sou apenas diferente" é conversa fiada. Porque diferentes todos somos. E por isso todas as pessoas são iguais nas diferenças.
Parece complicado falando assim, mas quando se escuta essa conversa a mais de 6 anos se pensa diferente. Hehehe
Também desde que me conheço por gente escuto falar nos tais dos direitos.Não é só por que sou cadeirante que não tenho os mesmos direitos de ir e vir que todo mundo.
si que desde que nasci meus pais evitam lugares com escadas ou com dificuldades de acesso. Sei que deixaram de ir a muitos lugares por que simplesmente dificultam meu acesso com a cadeira.
Detesto aquela história de " Ah, ela ainda é pequenininha, pode ir no colo." Não que eu não goste de um colinho de vez em quando, mas, fala sério, sair passear no colo igual bebe é o maior mico!!!
Sei que eles procuraram durante muitos meses uma escola que fosse ideal pra mim, e que minha mãe saiu da escola que ela trabalhava e gostava porque ela não tinhas condições de me receber.
Minha mãe e minha vó também me contam como eu tive sorte em nascer na época que nasci.Dizem que antigamente pessoas que não conseguiam caminhar ficavam escondidas em casa, fechadas, não eram levadas a escola ou a lugar nenhum. Não tinham acesso a nada.
E o pior, nem havia como escolher cadeira de roda com nosso próprio estilo, com e acessórios. Elas dizem que cadeiras de rodas já existiam, mas eu duvido.
Por essas e tantas essas histórias que eu escutei e escuto contar, que me orgulho tanto em brigar pelos meus direitos. Principalmente o direito de ir e vir..
Amo quando vejo rampas em lugares onde haviam escadas, adoro quando vejo aquelas plaquinhas com desenhos de cadeirante em banheiros, Onibus, táxis e tudo quanto for lugar, enfim

Mas agora minha mais recente paixão são as placas de estacionamento reservado.
Tomei muita chuva esse ano e molhei muitas vezes minha cadeira por termos que deixar o carro muito longe do portão da escola. Porque simplesmente os pais de muitas crianças nos dias de chuva "esqueciam " que o lugar em frente ao portão da escola era pra mim descer.
Agora não tem mais essa. ...Agora em frente a escola e em frente ao consultorio da minha pediatra o estacionamento está sempre lá, esperando por mim..Quis até tirar umas fotinhos pra poder me exibir!


2 comentários:

miria disse...

Linda, mas vai ter quen se cuidar.bj

Roberta disse...

Que linda matéria, lindo texto. Aqui é possível perceber a sua autonomia diante dos estraves da sociedade, principalmente quando você diz" ah... não é que eu não goste de um colinho de vez em quando, mas fala sério....". Muito legal.
Sou Roberta, estudante de pós-graduação de Educação Especial e Inclusiva e achei fantástica a sua história. Suas fotos ficaram incríveis e marcam bem o exercício de seu direito e cidadania. Gostaria de compartilhar com você que atualmente tive um acidente de trabalho onde fraturei meu pé direito; e isso me impediu de andar (visto que a dor me impe de por o pé no chão). Nessa condição tive oportunidade de vivenciar a falta de acessibilidade, pois ao retornar a empresa que trabalho para registro do CAT ( Acidente de Trabalho), me deu conta que só havia uma única cadeira de rodas, na portaria do prédio, e ainda por cima estava ocupada. Daí ao sair do carro, tive que subir de bumbum 3 degraus da escada p/ pedir ai atendente a sua cadeira emprestada (cadeira de escritório com rodinhas), e assim fiquei na empresa até a liberação. Que coisa não!
Mas registro aqui que dou valor a vocês que diariamente seguem movendo as pedras dos seus caminhos; pedras que são obstáculos e as pedras-pessoas que ainda acham que PCD não é capaz!
Forte abraço e grande beijo do coração.

 

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